Acórdão nº 04A1937 de Supremo Tribunal de Justiça (Portugal), 22 de Junho de 2004 (caso NULL)

Magistrado ResponsávelAZEVEDO RAMOS
Data da Resolução22 de Junho de 2004
EmissorSupremo Tribunal de Justiça (Portugal)

Acordam no Supremo Tribunal de Justiça: "A", instaurou a presente acção de reivindicação contra a ré B, divorciada, alegando ser proprietário da fracção autónoma designada pela letra F, correspondente ao 2ª andar frente, do prédio urbano sito em Lisboa, na Estrada dos Arneiros, nºs ..... e ......., que ré ilegitimamente ocupa e que se recusa a entregar ao autor. Pede que a ré seja condenada a reconhecer o direito de propriedade do autor sobre essa fracção e a restitui-la. A ré contestou, alegando ser arrendatária da fracção. Em reconvenção, pediu que o autor e sua mulher, da C (cuja intervenção principal requereu, como associada do autor), sejam condenados: - a cumprir o mandato sem representação, nos termos do qual o autor se obrigava a outorgar a escritura de aquisição da fracção em nome próprio e a transmitir posteriormente a propriedade para a ré, celebrando a necessária escritura de transmissão da fracção; - ou, caso assim se não entenda, sejam condenados na restituição das quantias que esta entregou àqueles, acrescidas de juros legais. Foi admitida a intervenção principal da mulher do autor, mas só este replicou. O processo prosseguiu seus termos e, após a realização do julgamento, foi proferida sentença, que decidiu: 1 - Julgar a acção improcedente, absolvendo a ré do pedido de restituição do andar, o que foi recusado com base na existência de um contrato de arrendamento de que a ré é titular; 2 - Julgar procedente o pedido reconvencional e condenar o autor e a interveniente mulher a transmitir para ré o andar adquirido (fracção F, 2º andar, frente) e registado a favor do autor pela inscrição nº 61.642, do Livro G-71, a fls 146, da 5ª Conservatória do Registo Predial de Lisboa. Apelaram o autor e a interveniente mulher, na parte referente à procedência do pedido principal da reconvenção e, com êxito, pois a Relação de Lisboa, através do seu Acórdão de 20-1-04, concedeu provimento à apelação e, consequentemente: - revogou a sentença impugnada, na parte em que havia condenado os autores a transmitir para a ré o andar em questão,; - e condenou os autores a restituir à ré a quantia de 712.000$00, convertida em euros, que esta entregou ao autor, acrescida de juros legais, desde 9-7-96, por falta de causa. Inconformada, a ré pede revista, onde resumidamente conclui: 1 - A matéria de facto atendível é a que foi considerada provada na sentença da 1ª instância. 2 - A Relação não especifica os pontos de facto que reputa deficientes, obscuros ou contraditórios. 3 - Limitou-se a afirmar, de forma vaga e genérica, que a falta de especificação dos fundamentos concretos que foram decisivos para as respostas a cada um dos quesitos torna a fundamentação obscura e põe em causa as respostas dadas. 4 - No recurso de apelação, como os recorrentes não requereram que o Tribunal da 1º instância fundamentasse algum facto essencial para o julgamento da causa que não estivesse devidamente fundamentado, também não ocorre a situação prevista no nº5, do art. 712, do C.P.C. 5 - Há erro de julgamento, quando a Relação afirma que dos autos não resulta " a necessária alegação e prova de que o autor emprestou qualquer importância à ré, que Eurico Cirilo, senhorio da fracção em causa, declarou transmitir para o autor a propriedade dessa fracção, que o autor se obrigou a pagar o respectivo preço e a transmitir a coisa adquirida, o que inviabiliza o pedido reconvencional reconhecido na sentença e implica que a importância que o autor recebeu da ré careça de causa, devendo ser-lhe restituída" . 6 - O Acórdão recorrido deve ser revogado, para ficar a prevalecer o decidido na 1ª instância. O autor e mulher contra-alegaram em defesa do julgado. Corridos os vistos, cumpre decidir. Estão provados os factos seguintes: 1 - O autor é proprietário da fracção autónoma, letra F, correspondente ao 2º andar frente, do prédio urbano sito na Estrada dos Arneiros, nºs .... e ....., em Lisboa, inscrito na respectiva matriz urbana de Benfica sob o art. 896...

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO
4 temas prácticos
4 sentencias

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT